SISTEMA COHAB - PROGRAMA MUTIRÃO

O sistema surgiu através de convênio firmado entre a COHAB, o BDMG e a Usiminas, a partir do qual foi desenvolvido um projeto para construções de prédios de até cinco pavimentos com estrutura em perfis de chapa dobrada do aço USISAC-41, vedação em alvenaria convencional, laje maciça de concreto e fundação definida pela necessidade de cada terreno.
O avanço tecnológico está justamente no tipo e dimensionamento da estrutura de aço utilizada, resultado de um extenso programa de testes de laboratório e pesquisas de aperfeiçoamento realizados pela Universidade Federal de Minas Gerais através da Fundação Cristiano Otoni (FCO), que conseguiu uma significativa redução nos custos da estrutura devido a uma redução de aproximadamente 40% no seu peso.
As obras podem ser executadas por regime de empreitada como o conjunto em Juiz de Fora, ou mutirão, como nos conjuntos Cristina em Santa Luzia e Fazenda Pastinho em Nova Lima. O Programa Mutirão foi criado pela COHAB em 1997 visando beneficiar a faixa de mercado cuja renda familiar vai de um a três salários mínimos e que não são atendidas por outros sistemas de financiamento. As famílias se inscrevem como mutirantes para a construção dos prédios e depois recebem o apartamento, o qual tem seu valor total financiado em até 240 meses.
O programa tem a filosofia de criar parcerias efetivas entre o Estado e os municípios, visando criar condições para a realização das obras e repassagem destas para a população com o menor custo possível.
A participação das prefeituras no Programa Mutirão é fundamental. São elas que oferecem os terrenos e toda infra-estrutura urbana necessários para a implantação dos prédios, dando plenas condições de habitação para as famílias mutirantes, futuros moradores. Além disso as prefeituras doam toda a alimentação necessária aos mutirantes durante os finais de semana.
O projeto foi desenvolvido pelo arquiteto Cleto Barreto em conjunto com a equipe da COHAB-MG.
A planta se desenvolve em forma de "H", cujos lados simétricos contém duas unidades habitacionais, num total de quatro por pavimento e dezesseis por edifício. A ligação horizontal e vertical é feita através do elemento central da construção, na qual está também localizada a entrada principal no pavimeno térreo (veja imagem).
Cada apartamento possui dois quartos, sala, cozinha, área de serviço e banheiro, totalizando 42,00m².
O tipo de fundação a ser utilizada será definido conforme especificação técnica. Podem ser utilizadas tanto fundações por tubulão, quanto estaca ou sapata corrida.
Normalmente é utilizado cintamento em concreto armado e formas de madeira para amarração dos tubulões e sustentação das paredes do primeiro pavimento.
A estrutura é conformada por pilares e vigas em chapa dobrada do aço USI-SAC 41, sistema esse desenvolvido pela UFMG e pela Pórtico Construções Metálicas, que através de testes, tecnologia de cálculo e projeto conseguiram uma sensível redução no peso da estrutura que resultou em uma considerável diminuição nos preços (veja imagem).
A estabilização do conjunto é obtida pela formação de pórticos ou por painéis contraventados, de acordo com a definição do projeto arquitetônico. A montagem da estrutura e o cintamento das lajes são executados por mão de obra qualificada contratada para tal em um prazo de 30 dias, e só então os mutirantes iniciam o fechamento das paredes.
Na concepção do sistema estrutural foi determinado o uso do sistema de vigas mistas, onde o concreto da laje trabalha junto à viga metálica através de conectores, fazendo com que a resistência de todo o conjunto aumente, tornando possível a redução de peso no dimensionamento das vigas.
Os edifícios até agora executados tiveram como vedação alvenaria convencional em blocos cerâmicos furados ou blocos de concreto, no entanto segundo idealizadores do sistema, não há restrição para o tipo de vedação vertical, desde que estejam de acordo com as determinações técnicas e não tragam problemas para o sistema como um todo (veja imagem).
Visando uma maior rapidez no fechamento da construção a USIMINAS está testando novas soluções em painéis pré-moldados para fechamento externo e divisões internas.
Externamente usou-se pintura acrílica sobre argamassa de revestimento, fazendo uso de cores fortes para destacar os desenhos geométricos criados pela estrutura e seus contraventamentos, dando movimento e vida às fachadas (veja imagem).
Alguns elementos da arquitetura
tradicional como a moldura das janelas e o telhado colonial foram explorados
nas fachadas cuja intenção de projeto foi juntar à moderna
tecnologia construtiva um pouco da tradição do viver brasileiro.
No hall de escada a alvenaria recebeu pintura látex PVA, o piso e rodapé em pedra ardósia, a laje de cobertura não recebeu nenhum tipo de revestimento (veja imagem).
A cozinha e a área de serviço receberam acabamento em 1/2 parede de revestimento cerâmico .
Os quartos e sala tiveram alvenaria pintada com tinta látex PVA, piso e rodapé em ardósia e laje de forro sem acabamento (veja imagem).
A construção como um todo possui desempenho dentro das normas técnicas como qualquer outra construção convencional. A única peculiaridade do sistema é a estrutura e o tipo de aço utilizado, o USI-SAC 41, o qual passou por vários estudos e avaliações que constataram que além de todas as qualidades do aço convencional, https://sites.arq.ufmg.br/caau/arqcomp/enta um alto desempenho na resistência à corrosão atmosférica.
Estudos realizados pela Fundação Cristiano Otoni na estrutura de aço utilizada no Programa Mutirão https://sites.arq.ufmg.br/caau/arqcomp/entam resistência acima do esperado nos cálculos. Essa por sua vez passou pelo AISI/96 que é a normatização técnica internacional usada para medir segurança na construção civil.
Alguns problemas de infiltração foram detectados nos prédios, em decorrência de chuvas, exatamente no encontro da alvenaria com a estrutura, onde a vedação não estava perfeita. No entanto, o problema foi detectado pelos técnicos da COHAB, que estudaram vários meios para resolvê-lo, optando-se pelo uso de um selante, tipo silicone, que agora já está sendo utilizado nas obras ainda em execução.
O valor médio de financiamento para cada apartamento é de R$8.500, a serem pagos em 240 meses em parcelas que não ultrapassam R$70. Para exemplificar, o valor do aluguel de um barracão de um cômodo nas favelas em Belo Horizonte, fica em torno de R$150 a R$200.
A entrada do valor dos apartamentos é paga com o trabalho no mutirão. Como comprovante de renda para financiamento a COHAB aceita uma simples declaração de um contador.
A tabela disponível no link abaixo trás toda a descriminação de ítens necessários para a construção de um prédio de quatro pavimentos com dezesseis apartamentos e seus respectivos preços, porém trata-se de custo direto da construção, sem taxas envolvidas.
COHAB - http://www.cohab-mg.gov.br
Usiminas - usicivil@usiminas.com.br