Sistemas de Mapeamento Colaborativo como Ferramenta nos Processos De Requalificação Urbana

A grande evolução das Tecnologias da Informação e Comunicação nas últimas décadas tem transformado a relação dos usuários com as ferramentas digitais, resultando na disseminação de ferramentas colaborativas para geolocalização de dados, tanto na produção de mapeamentos como na divulgação de informações. Neste contexto, arquitetos e planejadores urbanos tornam-se agentes potenciais na compreensão de como estes eventos podem influenciar os processos de ocupação e transformação das cidades. O presente trabalho, de natureza qualitativa, tem como objetivo discutir os potenciais de utilização de mapas colaborativos online como instrumentos para auxílio aos processos de planejamento e requalificação dos espaços públicos, tendo em vista a utilização de dados fornecidos pelos próprios usuários desses espaços. Considerou-se a utilização de aplicativos que permitem registros dinâmicos de incidentes espaciais reportados por usuários em ferramentas específicas, possibilitando a concentração e visualização dessas ocorrências na forma de dados geograficamente localizados sobre um mapa. Foram levantadas, para isso, experiências análogas que utilizam sistemas colaborativos baseados em mapas online. Os principais eixos temáticos abordados são os mapas web e plataformas colaborativas, design universal, estratégias de avaliação ambiental e requalificação de espaços públicos. O método adotado é o estudo de caso, tendo como objeto a utilização do aplicativo Ushahidi para avaliação ambiental do Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) segundo parâmetros de desenho universal, habitabilidade, acessibilidade e riscos, seguido de propostas de requalificação urbana a partir dessa avaliação. O mapeamento de incidentes ambientais foi realizado no local por graduandos do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFMG. Pretende-se com este trabalho ampliar a compreensão dessas tecnologias e seus potencias para transformação do processo de incorporação de informações provenientes dos usuários nos processos de planejamento e requalificação de espaços públicos.

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Combinando tecnologia e pesquisa, nosso grupo oferece um suporte essencial para o desenvolvimento urbano sustentável, ajudando cidades a crescerem de forma planejada, eficiente e socialmente justa.Esses modelos não apenas representam o espaço urbano, mas também possibilitam a integração de diferentes camadas de informação, permitindo o cruzamento de dados entre setores públicos e privados.

Prefeituras, órgãos de planejamento urbano, empresas de tecnologia, construtoras e escritórios de arquitetura e urbanismo podem utilizar essas ferramentas para aprimorar seus projetos e estratégias, garantindo maior eficiência e impacto social. A modelagem auxilia na superação das contradições entre formas sociais e formas físicas, oferecendo suporte ao planejamento urbano sem a pretensão de ser um modelo determinista. O objetivo não é criar um “oráculo urbano“, mas sim fornecer subsídios para a tomada de decisão, compreendendo que, na efetivação dos planos e projetos, novas contradições surgirão e deverão ser enfrentadas com proposições dinâmicas e ajustáveis à realidade social.

A estruturação dessas soluções passa pela Tríplice Hélice da Inovação[1], um modelo teórico que propõe a colaboração entre academia, indústria e governo para impulsionar o desenvolvimento e a inovação. Essa interação permite que o conhecimento acadêmico seja aplicado na prática, promovendo políticas públicas mais embasadas e soluções urbanísticas que atendam às demandas reais da sociedade. Permite também o desenvolvimento industrial orientado.

Para que esses modelos digitais sejam efetivamente adotados, é fundamental uma agenda política focada no bem estar social e um ambiente empresarial que compreenda o impacto dessas ferramentas sobre o público.

O planejamento urbano, quando pensado a partir de dados objetivos, deve priorizar a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da coesão social, garantindo que grupos minoritários também sejam beneficiados. Ao integrar tecnologia, pesquisa acadêmica e políticas públicas, os modelos digitais do espaço urbano tornam-se ferramentas estratégicas para a construção de cidades mais equilibradas, dinâmicas e preparadas para os desafios do futuro.

Referências: {1} O modelo de tripla hélice de inovação, conforme teorizado por Etzkowitz e Leydesdorff, é baseado nas interações entre os três seguintes elementos e seu ‘papel inicial’ associado: universidades engajadas na pesquisa básica, indústrias que produzem bens comerciais e governos que regulam os mercados. À medida que as interações aumentam nesse quadro, cada componente evolui para adotar algumas características da outra instituição, o que dá origem ao híbrido instituições. Existem interações bilaterais entre universidade, indústria e governo.