Estudo de Insolação no Bairro Savassi, Belo Horizonte

No bairro Savassi, uma das regiões mais dinâmicas e adensadas de Belo Horizonte, estudos de simulação de insolação foram realizados para avaliar o impacto da verticalização e da disposição das edificações sobre o microclima urbano. Utilizando modelagens computacionais, pesquisadores analisaram como novas torres comerciais e residenciais poderiam modificar a distribuição da luz solar nas ruas e nas edificações vizinhas.

O estudo revelou que a crescente verticalização da Savassi resultou em zonas de sombreamento prolongado, reduzindo a insolação em praças e passeios, impactando a qualidade do espaço público e o conforto térmico dos pedestres. Além disso, a análise permitiu propor estratégias de mitigação, como a orientação diferenciada das novas edificações, a introdução de fachadas mais permeáveis à ventilação e a criação de áreas verdes que equilibrassem os efeitos do sombreamento e das ilhas de calor.

Esse tipo de simulação é fundamental para que o crescimento urbano ocorra de maneira planejada, evitando que o adensamento excessivo comprometa a qualidade ambiental e o bem-estar da população.

Estudo de Insolação Savassi

Clique para ler mais…

Análise do Modelo 3D e da Simulação Solar

  • O modelo representa edificações da Savassi sobre um mapa de satélite.
  • O estudo usa a ferramenta de simulação solar configurada para o equinócio, indicando a quantidade de horas de sombra entre 7h e 17h.
  • No canto inferior direito, há um mapa de sombreamento com uma escala de cores variando de amarelo (menor sombra) até azul escuro e roxo (maior sombra).
  • Áreas em tons de azul e roxo recebem poucas horas de sol ao longo do dia, possivelmente por estarem bloqueadas por edificações altas.
  • Áreas em laranja e amarelo indicam locais com maior exposição solar.
  • A presença de sombras longas e contínuas pode impactar o conforto térmico urbano, a iluminação natural e a vegetação existente.
  • O plantio desordenado de árvores sombreantes pode dificultar a visibilidade dos passeios e fachadas, interferindo na velocidade do tráfego na região, como se confirmou.

Hipóteses sobre os Impactos Urbanísticos:

  1. Planejamento de novas edificações:
    • Novas torres podem bloquear a insolação de edifícios vizinhos e espaços públicos, exigindo ajustes de volumetria e afastamentos.
    • O estudo ajuda a prever impactos antes da construção, permitindo alternativas para minimizar prejuízos ao ambiente urbano.
  2. Efeito na ventilação e ilhas de calor:
    • Áreas excessivamente sombreadas podem apresentar dificuldade na dissipação do calor, agravando o efeito de ilhas de calor.
    • A distribuição de sombras e ventos influencia a qualidade do ambiente urbano, impactando conforto térmico e eficiência energética.
  3. Iluminação natural e consumo energético:
    • A redução de iluminação natural aumenta o consumo de energia em edificações próximas.
    • O estudo pode indicar zonas onde janelas ou fachadas de vidro podem ser mais eficientes para captação de luz natural.

 

 

Combinando tecnologia e pesquisa, nosso grupo oferece um suporte essencial para o desenvolvimento urbano sustentável, ajudando cidades a crescerem de forma planejada, eficiente e socialmente justa.Esses modelos não apenas representam o espaço urbano, mas também possibilitam a integração de diferentes camadas de informação, permitindo o cruzamento de dados entre setores públicos e privados.

Prefeituras, órgãos de planejamento urbano, empresas de tecnologia, construtoras e escritórios de arquitetura e urbanismo podem utilizar essas ferramentas para aprimorar seus projetos e estratégias, garantindo maior eficiência e impacto social. A modelagem auxilia na superação das contradições entre formas sociais e formas físicas, oferecendo suporte ao planejamento urbano sem a pretensão de ser um modelo determinista. O objetivo não é criar um “oráculo urbano“, mas sim fornecer subsídios para a tomada de decisão, compreendendo que, na efetivação dos planos e projetos, novas contradições surgirão e deverão ser enfrentadas com proposições dinâmicas e ajustáveis à realidade social.

A estruturação dessas soluções passa pela Tríplice Hélice da Inovação[1], um modelo teórico que propõe a colaboração entre academia, indústria e governo para impulsionar o desenvolvimento e a inovação. Essa interação permite que o conhecimento acadêmico seja aplicado na prática, promovendo políticas públicas mais embasadas e soluções urbanísticas que atendam às demandas reais da sociedade. Permite também o desenvolvimento industrial orientado.

Para que esses modelos digitais sejam efetivamente adotados, é fundamental uma agenda política focada no bem estar social e um ambiente empresarial que compreenda o impacto dessas ferramentas sobre o público.

O planejamento urbano, quando pensado a partir de dados objetivos, deve priorizar a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da coesão social, garantindo que grupos minoritários também sejam beneficiados. Ao integrar tecnologia, pesquisa acadêmica e políticas públicas, os modelos digitais do espaço urbano tornam-se ferramentas estratégicas para a construção de cidades mais equilibradas, dinâmicas e preparadas para os desafios do futuro.

Referências: {1} O modelo de tripla hélice de inovação, conforme teorizado por Etzkowitz e Leydesdorff, é baseado nas interações entre os três seguintes elementos e seu ‘papel inicial’ associado: universidades engajadas na pesquisa básica, indústrias que produzem bens comerciais e governos que regulam os mercados. À medida que as interações aumentam nesse quadro, cada componente evolui para adotar algumas características da outra instituição, o que dá origem ao híbrido instituições. Existem interações bilaterais entre universidade, indústria e governo.