Epistemologia, ambiente construído e sustentabilidade

Na perspectiva de um mundo contemporâneo cada vez mais complexo e na disponibilidade de ferramentais poderosos da tecnologia da Informação, três estudos de caso sobre o meio ambiente construído e a sustentabilidade são analisados com vistas a problematizar o enquadramento epistemológico que adotam, que são basicamente o hipotético dedutivismo e a autopoiesis.

O primeiro estudo trata da modelagem do contágio da covid-19 numa cidade brasileira, o segundo dos espaços obesogênicos e o terceiro da própria ação de modelagem ambiental. Eles são apresentados de modo comparativo, criticados, permitindo indicar a necessidade de implementação do quadro de conhecimento dos pesquisadores com os conhecimentos da epistemologia da Complexidade, onde os modelos passariam a ser estudados como sistemas formados de partes heterogêneas capazes de dar origem a padrões emergentes, em processos não lineares. Essa implementação seria muito produtiva para formular as predições mais precisas e úteis nas pesquisas do ambiente construído e sustentabilidade.

Abaixo apresentamos o artigo completo publicado pelo VI Simpósio Brasileiro Online de Gestão Urbana (ISBN 978-65-86753-62-2), que aconteceu entre os dias 27-29 de julho de 2022. O artigo também foi aceito para segunda publicação no Periódico Técnico e Científico Cidades Verdes (ISSN 2317-8604).

Epistemologia, ambiente construído e sustentabilidade

 

Combinando tecnologia e pesquisa, nosso grupo oferece um suporte essencial para o desenvolvimento urbano sustentável, ajudando cidades a crescerem de forma planejada, eficiente e socialmente justa.Esses modelos não apenas representam o espaço urbano, mas também possibilitam a integração de diferentes camadas de informação, permitindo o cruzamento de dados entre setores públicos e privados.

Prefeituras, órgãos de planejamento urbano, empresas de tecnologia, construtoras e escritórios de arquitetura e urbanismo podem utilizar essas ferramentas para aprimorar seus projetos e estratégias, garantindo maior eficiência e impacto social. A modelagem auxilia na superação das contradições entre formas sociais e formas físicas, oferecendo suporte ao planejamento urbano sem a pretensão de ser um modelo determinista. O objetivo não é criar um “oráculo urbano“, mas sim fornecer subsídios para a tomada de decisão, compreendendo que, na efetivação dos planos e projetos, novas contradições surgirão e deverão ser enfrentadas com proposições dinâmicas e ajustáveis à realidade social.

A estruturação dessas soluções passa pela Tríplice Hélice da Inovação[1], um modelo teórico que propõe a colaboração entre academia, indústria e governo para impulsionar o desenvolvimento e a inovação. Essa interação permite que o conhecimento acadêmico seja aplicado na prática, promovendo políticas públicas mais embasadas e soluções urbanísticas que atendam às demandas reais da sociedade. Permite também o desenvolvimento industrial orientado.

Para que esses modelos digitais sejam efetivamente adotados, é fundamental uma agenda política focada no bem estar social e um ambiente empresarial que compreenda o impacto dessas ferramentas sobre o público.

O planejamento urbano, quando pensado a partir de dados objetivos, deve priorizar a redução das desigualdades sociais e o fortalecimento da coesão social, garantindo que grupos minoritários também sejam beneficiados. Ao integrar tecnologia, pesquisa acadêmica e políticas públicas, os modelos digitais do espaço urbano tornam-se ferramentas estratégicas para a construção de cidades mais equilibradas, dinâmicas e preparadas para os desafios do futuro.

Referências: {1} O modelo de tripla hélice de inovação, conforme teorizado por Etzkowitz e Leydesdorff, é baseado nas interações entre os três seguintes elementos e seu ‘papel inicial’ associado: universidades engajadas na pesquisa básica, indústrias que produzem bens comerciais e governos que regulam os mercados. À medida que as interações aumentam nesse quadro, cada componente evolui para adotar algumas características da outra instituição, o que dá origem ao híbrido instituições. Existem interações bilaterais entre universidade, indústria e governo.